NÍOBE

Um dos mitos mais tratados na literatura grega e na latina é aquele de Níobe. Ela se casara com Anfião, rei de Tebas, e tornara-se uma rainha muito orgulhosa devido à nobre estirpe de que descendia, e da qual não devia gabar-se muito pois seu pai, Tântalo, fôra punido por Júpiter, por haver revelado os segredos dos deuses, seu irmão , Pélops, manchara-se com o assassínio do próprio sogro, Enomaus, e seu sobrinho, Atreu, chegara a tal requinte de desumana crueldade que matar um filho do irmão, Tiestes, e servira-lhe a carne num banquete . Por ser tão vaidosa, ártemis e de Febo Apolo. As matronas tebanas acederam ao convite  maga e deram início aos fautosos ritos, mas, no momento culminante, a cerimônia foi interrompida pelo improviso aparecimento de Níobe, que se apresentou com o mais suntuoso de seus vestidos, e assim falou às súditas:- Porque, ó mulheres de Tebas, rendeis tantas homenagens a Latona , que somente pode gabar-se de seus dois filhos? Estas honras deviam ser dedicadas a mim, que tenho catorze filhos: sete varões e sete meninas, e cada um deles é tão belço , inteligente e forte quanto Diana e Apolo.

era mal vista tanto pelos deuses como pelos homens. Vivia em Tebas a maga Manto, aquela que, segundo a lenda, transferindo-se para Itália, ali fundara a cidade de Mântua. Esta feiticeira era filha do adivinho Tirésias e devota de Latona. Certo dia, Manto induziu as mulheres tebanas oferecer de maneira solene sacrifícios e honrarias a Latona, mãe  de Diana

As tebanas ficaram espantadas com a temerária apóstrofe lançada por Níobe contra uma divindade e, mesmo pensando que a rainha endoidecera, obedeceram-lhe , como era seu dever de súditas, e não levaram a termo o sagrado ritual. A arrogante exclamação de Níobe ofendeu mortalmente Latona, que exigiu de Diana e de Apolo uma vingança atroz sobre a filha de Tântalo, porque uma simples mortal ousara comparar-se a ela, uma deusa, interrompendo uma festa em sua honra. Diana e Apolo atenderam imediatamente ao desejo materno. As primeiras vítimas da divina vingança foram os filhos de Níobe. Encontavam-se eles num terreno plano, junto ás muralhas da cidade, e exercitavam-se na equitação e no atletismo, satisfeitos por competir entre si para a conquista de uma primazia. O primogênito dava mostras de sua habilidade como cavaleiro, quando uma flecha de Apolo o feriu e fê-lo tombar exânime da sela. Antes que seus irmãos pudessem encontrar algum abrigo, as flechas do divino arqueiro mataram um após o outro, e sobre a planície ficaram somente vivos os servos, em pranto e apavorados por tão cruel e inesperada matança.

A nefasta notícia foi logo levada ao conhecimento da rainha, que, a princípio, chorou, mas depois se reanimou e chamou em torno de si as sete filhas. Agarradas á mãe, elas choravam os irmão mortos pelos golpes de Apolo, quando Níobe passou a imprecar contra Latona: -Olhe bem , ó deusa! Embora me houvesse matado os varões, restam-me ainda as meninas, e são sete! Bem mais do que os filhos que você pode exibir... Você, que não me é certamente superior! Do alto do Olimpo, também desta vez a mãe de Diana e Apolo ouviu tais palavras e pediu à filha que a vingasse. Um átimo depois, a primogênita caía aos pés de Níobe, e logo a seguiam, uma a uma, as demais. Quando já estavam fulminadas as primeiras seis, Níobe, deixando finalmente seu tom arrogante, implorou, súplice, a Diana para que lhe deixasse ao menos sua última criatura, que lhe era mais cara de todas e que segurava desesperadamente entre os braços. Mas a deusa não se deixou comover, e também a última filha de Níobe foi reunir-se, na morte, aos irmão e irmãs.

Então, devido ao grande desespero e dor que dela se apossou, Níobe petrificou-se e os deuses, finalmente se apiedando da infeliz mãe, transferiram-na para uma montanha, mas transformada em rochedo e , debulhada em lágrimas, faz jorrar seu pranto, sob a forma de uma fonte perene. Este mito já era conhecido por Homero, que a ele se refere no canto 25° da Ilíada, e Ésquilo escreveu uma tragédia: Níobe, que infelizmente, não chegou até nós . Mas quem fez desta lenda uma das mais belas interpretações poéticas foi Ovído, em suas Metamorfoses. O trágico destino da Rainha de Tebas inspirou não só  poetas e escritores mas também  os maiores escultores da Grécia. Conhecidíssmo é o grupo  dos Niobídeos, cujo autor foi Praxíteles ou Scopa (grande é, de fato, a incerteza, tanto entre os historiadores antigos como entre os modernos), que durante vários séculos ornamentou a fachada de um templo que surgia na Acrópole de Atenas. Do grupo todo, salvou-se apenas a figura de Níobe, que, de pé, ereta, estreita ao seio a últimaGalleria degli Uffizi , em Florença. Essa infeliz mãe é a expressão de uma das mais cruéis tragédias que possam ferir um ser humano.
filhinha. A mais bela cópia do original se encontra na