

ldade. O rei não hesitou, então, em confiar-lhe outra perigosa incumbência: aquela de combater as Amazonas, as ferozes mulheres guerreiras, que habitavam a Capadócia e Cítia, e que, mais tarde, foram afrontadas por Teseu e também por Hércules. Mas, nem desta vez Belerofonte se intimidou, pois foi em busca das terríveis guerreiras, desbaratou-as, e também da terceira proeza saiu vitorioso. No entanto, como o filho de Glauco transpusera os três obstáculos, Iobates recorreu aos mais válidos de seus guerreiros e estes armaram uma emboscada ao valoroso herói. Belerofonte, todavia, salvou-se também desta covarde tocaia, matando, um após o outro, todos os seus inimigos. Diante desta última vitória, o rei compreendeu que nenhuma outra incumbência poderia fazer o filho de Glauco sucumbir e, renunciando a qualquer outra tentativa, concedeu-lhe a filha em casamento.
Estas são as façanhas que, de Belerofonte, nos conta Homero. Contudo, algum outro poeta acrescentou à lenda mais um episódio: isto é, que, sucessivamente, da Lícia o herói regressou a Argos, e que convidou sua pérfida acusadora, a rainha Antéia, para subir com ele no dorso de Pégaso. A mulher aceitou, mas, enquanto o cavalo alado sobrevoava o oceano, Belerofonte atirou-a às ondas, vingando-se, assim, daquela acusação que tinha sido a origem de todas as arriscadas aventuras a que o obrigara Iobates. Esta vingança não está muito de acordo com a figura que de Belerofonte, Homero descreveu, através das palavras de Glauco, pai do herói e valoroso guerreiro na guerra de Tróia. Preferimos, ao invés, embora seja triste, acreditar no que cantava Homero, lá onde diz que, tendo incorrido na ira dos deuses, o vencedor da Quimera (sozinho e consumido pela tristeza), vagava pela Planura Álea, uma enorme área de terra, que Iobates lhe dera como dote da filha. Mas, por que ele acabara odiado pelos deuses, nem Homero nem a mitologia não explicam claramente. Talvez se aproxime da verdade o mito segundo o qual Zeus puniu Belerofonte porque ele, tomado de sacrílega ambição, tentava voar, com Pégaso, até o Olimpo, esquecido do respeito devido à sagrada demora dos deuses súperos. Qualquer que tenha sido a causa de sua punição parece, de todo modo,que, em sua tarda velhice, o herói, que antes tinha sido tão validamente protegido por Zeus e por todos os demais deuses, acabara caindo em desgraça, e tenha vivido, meditabundo e dolente, na solidão, sem parentes, sem amigos, sem afeição. Bem sombrio para um homem que levara a tão feliz êxito desde sua primeira mocidade, tantas proezas e que pode figurar ao lado de Teseu e de Perseu, sem desmerece-los